A Associação das Micro e Pequenas Empresas de Brusque e Região (AmpeBr) foi parceria de uma palestra realizada na tarde de ontem, 21 de agosto, no Hotel Monthez, sobre o Texbrasil - Programa de Internacionalização da Indústria Têxtil e de Moda Brasileira. O evento contou com a presença do presidente emérito da Abit, Rafael Cervone e da gestora de projetos setoriais da Apex Brasil, Solete Foiser. Cerca de 30 micros e pequenos empresários participaram do encontro, cujo tema principal era discutir a sustentabilidade enquanto diferencial competitivo para alavancar vendas no mercado internacional. O evento também contou com a parceria da Univali, que coordena o Projeto Extensão Industrial Exportadora (PEIEX).
“A sustentabilidade é algo que a AmpeBr já trabalha em sua Sala de Moda, através de tecidos renovados, com aplicação de técnicas em estampas atóxicas. Também analisamos modelos de embalagem e processos de reciclagem, já que esse conjunto pode ser um diferencial no exterior”, explica o diretor de exportação da AmpeBr, Marco Antônio Ebele.
Segundo ele, a escolha por caminhos mais sustentáveis na área da confecção influencia, inclusive, na geração de valor agregado. “O produto formado por práticas sustentáveis consegue mais rentabilidade, já que nem todas as empresas estão engajadas neste sentido. Quem investe vai sentir este diferencial”, pontua.
Para o diretor da AmpeBr, a palestra também reforça esse incentivo que a AmpeBr dá ao micro e pequeno empresário de Brusque e região para buscar mais informações sobre a exportação e ampliar sua rede de negócios. “É sempre um grande tabu. As pequenas empresas ainda pensam que exportar é muito difícil. Pensam sempre em grande volume, que não são capazes de produzir. Mas o mercado internacional, como o nosso, é formado por grandes empresas, que compram muito, e também por pequenas e médias empresas, que precisam se abastecer. É justamente este o foco da entidade e é por isso que é mantido o programa de exportação”, observa Ebele.
Oportunidade internacional
O presidente emérito da Abit, Rafael Cervone, fez um paralelo entre a inserção internacional e a sustentabilidade. “Entrar neste mercado é absolutamente estratégico para o presente e para o futuro das empresas. Vale ressaltar que a possibilidade não é apenas para as grandes, mas também para as micro e pequenas, que não apenas podem, como também devem, investir neste setor”, avalia.
De acordo com Cervone, uma das principais vantagens da exportação é a segurança no mercado interno. Com a flutuação cambial, os investimentos acabam sendo feitos em moeda estrangeira, o que é estratégico para as empresas.
“Quem se internacionaliza também fica mais competitiva, inclusive no mercado interno. Ou seja, há ganhos nos dois lados. O mundo é globalizado. É muito bom faturar entre os U$ 35 bilhões no Brasil. Mas também é bom ter disponível os U$ 850 bilhões do mundo como clientes em potencial”, ressalta.
Tecnologia, inovação e design também foram temas da palestra. Segundo o presidente emérito da Abit, o acesso à informação tem mudado o comportamento do cliente final. “As pessoas estão questionando como o produto foi feito e em que condições foi produzido. Faz a diferença saber que aquela confecção está adequada aos modelos sustentáveis”, enfatiza.
Hoje, cerca de 90% da confecção no Brasil é produzida pela micro e pequena empresa. O setor, na avaliação de Cervone, está agora se adequando internacionalmente dentro das cadeias globais de valor. É para isso que a Abit trabalha, oferecendo apoio e conhecimento para fomentar esta presença expressiva no exterior. “Por outro lado, sabemos que a manufatura avançada e a Indústria 4.0, que é a quarta Revolução Industrial, vai atingir o setor através da automação, robotização, inteligência artificial, realidade aumentada e virtual. Esse impacto pode alçar a confecção em um nível de competitividade muito grande em um curto período de tempo. Este é o foco da Abit”, comenta.
Já a gestora de projetos setoriais da Apex Brasil, Salete Foiser, abordou o Programa de Internacionalização da Indústria Têxtil e de Moda Brasileira (Texbrasil), um convênio em plena execução entre a entidade que representa e a Abit.
“Temos um programa de qualificação que reúne desde as empresas que desejam adquirir cultura exportadora iniciante até empresas internacionalizadas e grandes. Os programas são segmentados e desenvolvidos de acordo com a necessidade de cada cliente”, explica Salete.
Dentro do Texbrasil, foi feita a divulgação do Tex Index Brasil, uma ferramenta digital que mede o nível de sustentabilidade de cada empresa. A partir desta análise é possível fornecer atendimento de acordo com a maturidade de cada negócio.
“Todos são capazes de melhorar estes índices, basta começar. Estamos aqui para capitanear interessados em desenvolver este processo e escolhemos Brusque porque se trata de um pólo de confecção. Mantemos uma boa parceria com a Ampe, que é parceira do projeto Peiex de cultura exportadora, coordenado pela Univali, no qual os consultores prestam atendimento de forma pontual nas empresas, o que gera indicadores positivos de exportação”, lembra Salete.